Maria não conseguia dormir, por causa do barulho do portão que tinha o ferrolho estragado. Pediu ao Manel, seu marido, para o ir arranjar, mas a preguiça falou mais alto e deixou-se estar. Maria habituou-se àquele barulho e já dormia sem dificuldade. Certo dia, o porco foi apanhar ar. Saiu do chiqueiro e lá foi ele. Viu o portão aberto e fugiu. O Manel que estava a tratar o cavalo, ao vê-lo fugir abandonou o cavalo e foi atrás dele; a Maria, que estava a passar a ferro, viu o marido a correr atrás do porco e deixou o ferro em cima do lençol e foi a correr; a filha que estava a fazer a sopa para o jantar, ao ver aquilo deixou a sopa ao lume e correu atrás dos pais; o filho, que pintava a casa, ao ver aquela correria quis descer rápido da escada para correr atrás dos pais e da irmã que perseguiam o porco, mas estatelou-se no chão e partiu a perna. O médico deu-lhe dois meses de molho. Quanto aos outros, todos abandonaram os seus trabalhos e o resultado não foi bom! O cavalo destruiu a carroça aos coices; o ferro queimou o lençol de linho da Maria; a sopa agarrou-se à panela e nessa noite não houve sopa para o jantar; o outro partiu a perna e agora não pode fazer nada... E tudo por causa de um ferrolho que o Manel teve preguiça em arranjar! Quanto ao porco... desse ninguém soube nada... Alguém tirou proveito dele!
Resumo do conto de António Torrado, in E vão três
Imagens do trabalho pesquisado pelos alunos e organizado na sala de aula acerca do autor e do conto "Por causa de um ferrolho"
